domingo, janeiro 03, 2010

A TV QUE A GENTE VÊ

É desanimador assistir aos programas exibidos na televisão aberta (canais não pagos) brasileira. Os horários nobres são exatamente aqueles escolhidos para empanturrar a nós telespectadores com o que há de pior – violência, apelo sexual, desrespeito ao próximo, consumismo/modismo, vulgarização da mulher, falta de ética, ou seja, um show de exploração da miséria humana.

Um de nossos canais de TV, primeiro lugar em audiência em todo o Brasil, transmite algo em torno de cinco novelas diárias, entre vale a pena ver de novo e os novos textos no horário noturno.

Como é possível formar um público crítico, embora assista a TV mais de quatro horas/dia, se há carência de bons programas? A televisão é o lazer de mais baixo custo, é um instrumento poderoso para o fortalecimento dos valores e costumes de uma sociedade, ela deveria educar tanto quanto a escola porém, lamentavelmente, o público não é visto como cidadão, mas como consumidor. Há um mercado ditatorial de consumo, lucro e competitividade permeando tudo que é levado ao ar, inclusive durante as novelas.

Existe algum órgão regulador desse setor? Sim, a TV opera com o Código Brasileiro de Radiodifusão de 1962, sem alteração até hoje. Mas não precisa ser um expert pra notar que tal regulamentação é ineficiente, não é caro leitor?. As concessões de exploração são perenes, políticas e o argumento que usam, quando questionadas pela baixa qualidade e pouca diversidade do produto que veiculam, a resposta é que nós, telespectadores, temos acesso ao controle remoto e podemos, portanto, mudar de canal, quando acharmos conveniente. Elas se esquecem de que essa alternativa exige um plus econômico, seja uma antena parabólica ou os canais a cabo (pagos), custos com os quais a massa ignara não pode arcar.

É premente a busca por novos modelos. O público infantil é o mais vulnerável àqueles conteúdos de qualidade duvidosa. Fica fácil entender, porque meninos querem ser jogadores de futebol e meninas querem ser top models, lógico! É exatamente isso que é veiculado na TV, sucesso rápido, fácil e sem estudo, mas com muito dinheiro. Não há escolha para os economicamente hipossuficientes. À noite, não há opção para a criançada. Após a novela, em sua maioria não recomendada para os infantes, são exibidos os “enlatados” (filmes).

O que nos restaria então? Desligar a TV e desfrutar do aconchego da família reunida para conversar sobre temas interessantes. Outras opções seriam ler bons livros, ir ao cinema, visitar os amigos, passear na praça, jogar jogos internos (dama, xadrez, baralho etc). Agora, se por ventura, os senhores leitores não souberem viver sem a telinha, será preciso comprar uma parabólica, ou a TV a cabo, pois se nessas opções não forem exibidos melhores programas do que na TV aberta haverá, pelo menos, mais opções e variedade de programação para escolherem o que mais lhes interessar. É só conferir.


Este artigo foi publicado no Jornal O Progresso, no dia 03/01/2010.

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