domingo, agosto 16, 2009

SOMOS TODOS MITOMANÍACOS?

Apesar de nós, criaturas, termos sido criados à própria imagem e semelhança de Deus, nosso Criador, ainda estamos longe de desenvolver virtudes que nos aproximem Dele com maior celeridade.

Continuamente assistimos estupefatos o alastramento da mentira nos mais diversos cenários sociais sobretudo, no cenário político. Porém, ela se mostra disfarçada em frases do tipo “eu não sabia”. À tendência impulsiva para a mentira chamamos mitomania. Serão nossos representantes políticos mitomaníacos? E nós, amigo/a leitor/a, somos diferentes deles?

Você, tanto quanto eu, recebemos desde pequenos a orientação de nossos pais para que não mentíssemos pois “Papai do Céu não gosta de criança que mente”, “mentir é feio”, “mentira tem pernas curtas” e assim por diante. Entretanto, no seio familiar, há contradições entre o que se ensina e o que se vivencia, quer ver? “se for fulano diga que não estou”, “diz à professora que não fez a tarefa porque você estava doente”, “se seu pai perguntar quanto custou a roupa diga que foi baratinho!”, ou seja, não somos modelos ideais de honestidade para nossos próprios filhos. Quero dizer com isso que nenhum de nós é 100% honesto em dizermos sempre a verdade, nada mais que a verdade. Aliás, como seria o mundo se todos falassem a verdade? Difícil imaginar não é amigo/a leitor? Ao encontrarmos algum conhecido com má aparência, dizermos; na doença grave em alguém da família, dizermos; no chefe que não “vamos com a cara”, dizermos; no/a colega que nos causa ciúmes, dizermos; naquela festa de aniversário ou de casamento que tem muito convidado e decoração porém, pouca comida, dizermos; alguém que não conhecemos, que não “vamos com a cara” e...dizermos. Você há de convir que seria insuportável a convivência! Os americanos criaram uma expressão chamada “white lies” ou mentirinhas para dizer que elas são até saudáveis em determinadas situações a fim de evitar um conflito, um dissabor, enfim.

Assim como os Estados Unidos, Inglaterra e França temos também o dia da mentira. Aliás, ao pesquisar sobre ela você não encontrará na história de nosso povo informações precisas sobre sua origem aqui, no Brasil. Até na literatura clássica infantil existe o boneco de madeira, Pinóquio, que ao mentir seu nariz cresce. Há também música para ela “pega na mentira”. Já existe até detector de mentira, é a tecnologia a serviço do homem! Jonathan Swift, escritor irlandês que no século XVIII escreveu As viagens de Gulliver afirmou o seguinte: “quem conta uma mentira raramente nota o fardo que assume; pois para sustentar uma mentira ele tem que inventar outras vinte.”

Nossa falibilidade é tão declarada que somos obrigados a fazer juramentos no altar, na colação de grau, às vezes, até em julgamentos jura-se sobre a Bíblia. Fica a pergunta: tal formalização nos faz cumpridores dos deveres assumidos? Nem sempre!

Assim, somos humanos, somos imperfeitos, estamos (não somos!) mitomaníacos é bem verdade, mas também somos, cosmicamente, possuidores de centelha divina e essa herança deve nos impulsionar ao cultivo da verdade, da simplicidade, da humildade, da compaixão, empatia, altruísmo, benevolência, honestidade para conosco e para com o nosso semelhante afinal, estamos no mesmo espaço temporal e territorial, se nos despirmos que diferença temos uns dos outros? Quem somos, ou pensamos que somos, para julgarmos com severidade os outros e com parcimônia a nós mesmos?


Este artigo foi publicado no Jornal O Progresso, no dia 16/08/2009.

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