domingo, janeiro 17, 2010

LARGADO ÀS TRAÇAS

O magistério tem-me possibilitado conhecer os municípios maranhenses da Região Tocantina e Pré-Amazônia, assim como oportunizado refletir sobre o que tem impedido seu desenvolvimento em um ritmo mais acelerado que garantisse melhor qualidade de vida a seus habitantes. Vejamos o que coletei em minhas andanças e em minhas pesquisas para tecer algumas considerações sobre esse assunto.

A Região de Imperatriz compreende 13 municípios: Amarante, Buritirana, Davinópolis, Governador Edson Lobão, Ribamar Fiquene, Imperatriz, João Lisboa, Montes Altos, Senador La Rocque, Campestre do Maranhão, Lajeado Novo, Porto Franco e São João do Paraíso. Os oito (8) municípios em destaque foram criados em 1994 e instalados em 1996.

A Região da Pré-Amazônia compreende também oito (8) municípios: Bom Jesus das Selvas, Buriticupu, Cidelândia, Itinga do Maranhão, São Francisco do Brejão, São Pedro da Água Branca e Vila Nova dos Martírios. Com exceção de Açailândia, todos os demais municípios foram instalados também em 1996. Pergunto eu, então, após 14 anos de emancipação, por que esses municípios não progrediram, não obtiveram avanço? Má administração, falta de incentivo do Estado ou por ambos os motivos?

Por amostragem, destacarei os seguintes municípios da Região do Tocantins: Amarante, João Lisboa e Porto Franco e da Pré-Amazônia os de Açailândia e Cidelândia.

No IDH-M de 2002, dos 5.564 municípios brasileiros, Amarante estava na 4.936ª posição, João Lisboa na 4.129ª, Porto Franco 3.328ª, Açailândia na 3.523ª, Cidelândia na 4.437ª. Já Imperatriz estava nas 2.580ª posição. Note-se que, apesar de distar 100 km de Imperatriz, a diferença é muito grande para a posição de Amarante, por exemplo. Aliás, a cidade parece ter parado no tempo, não há um Hotel sequer, há dormitórios e Motel (se é que se pode chamá-lo assim); ‘padaria’ de referência, apenas uma. No melhor “restaurante” da cidade a comida é de qualidade duvidosa e não se vende água mineral. A água é disponibilizada em embalagem de refrigerante pet. Telefonia móvel não chegou por lá e, quando falta energia elétrica passa-se mais de 3 horas para restaurá-la. Este sim é um exemplo de município do interior do Maranhão! Quando os ludovicenses insulares se atrevem a dizer que o povo do interior é isso ou aquilo, referindo-se aos moradores de Imperatriz, desconhecem que somos moradores do continente e não do interior do Estado. Eles não têm ideia alguma sobre que seja um município do interior.

Empreendedores, despertem para investir nos municípios emancipados! Administradores públicos estimulem, incentivem, apóiem a implantação de empreendimentos em suas cidades! Governantes, invistam na recuperação da malha viária que liga a esses municípios!

O que causa surpresa é que, no período de 2001/2002, Amarante foi a maior produtora de arroz, milho, feijão e mandioca do Estado. Foi também a única produtora de soja dessa Regional. Em 2003, Amarante e Porto Franco apresentaram PIB per capita superior ao do Estado do Maranhão. Isso indica que são cidades economicamente ativas. Por que não se desenvolveram? Eu não tenho essa resposta, amigo leitor; você tem?

Devemos recordar que dos 27 estados da Federação, segundo IDH-M de 2002, o Maranhão encontra-se em penúltimo lugar (0,647), antecedido pelo Piauí (0,673), ganhando apenas de Alagoas (0,633). Com esse resultado não é de se esperarem avanços significativos nos 217 municípios que o compõem. Entretanto, ilustrei ainda há pouco, que apesar de distante 100 Km apenas, Amarante estagnou em relação a Imperatriz. E olha que muito ainda falta a ser feito por Imperosa.

Quanto ao ranking do IDH-M do Estado, Amarante aparece em 102º lugar, João Lisboa em 31º, Açailândia em 9º, Cidelândia em 55º, Porto Franco em 7º, Imperatriz em 3º lugar. Observe bem, amigo leitor, a diferença é gritante; quanto mais distante do 1º lugar, menos desenvolvido, maior o número de analfabetos e de famílias com renda per capita inferior a 2 salários mínimos.

A população projetada em 2001 para Amarante foi de 32.728, João Lisboa 24.796 e Porto Franco 17.187. Ora, o número menor de habitantes de Porto Franco não o impediu de alcançar o 7º lugar!

Em Amarante, a população entre 15 e 17 anos era de 2.653 jovens mas, apenas 34,35% deles estavam matriculados no ensino médio. Em João Lisboa, dos 1.883 jovens, 27,94% apenas, no ensino médio. Em Porto Franco, dos 1.346 jovens, 29.73% estavam matriculados. Essa juventude precisa ser melhor preparada para o estabelecimento de metas auspiciosas para suas vidas e de suas cidades. É preciso contribuir para o desenvolvimento do INTERIOR DO MARANHÃO para tornar essa gente mais feliz. Todo ele merece o progresso! Lutemos, para não deixá-lo largado às traças!


Este artigo foi publicado no Jornal O Progresso, no dia 17/01/2010.

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